Trazemos hoje mais uma obra do artista italiano Michelangelo Merisi, o Caravaggio (1571-1610). A pintura mostra o momento em que Pôncio Pilatos apresenta Jesus à multidão, após interrogatório e as punições físicas.
Vimos, anteriormente, duas outras obras sobre o mesmo tema.
Ecce Homo. Caravaggio. (1605)
Título: Ecce Homo.
Artista: Caravaggio.
Data: por volta de 1605.
Dimensões: 128 × 103 cm.
Técnica: óleo sobre tela.
Localização atual: Palazzo Bianco, Gênova (Itália)
Na postagem de hoje vamos pela primeira vez para a Áustria. Trazemos uma pintura de Johann Martin Hohenberg, conhecido como Martino Altomonte, um artista austríaco, nascido na Itália, que viveu de 1657 a 1745 e trabalhou principalmente na Áustria e na Polônia.
A obra representa um momento da fuga da família sagrada para o Egito, por causa da perseguição de Herodes. É a segunda pintura com esse tema que trazemos. A primeira foi de Guiseppe Chiari e pode ser vista aqui.
Descanso na fuga para o Egito. Martino Altomonte.
Título: Descanso na fuga para o Egito.
Artista: Martino Altomonte (Johann Martin Hohenberg)
Data: 1737.
Técnica: óleo sobre tela.
Dimensões: 78 x 129 cm
Localização atual: Galeria Nacional da Eslovênia, Ljubljana (Eslovênia)
Esta página é dedicada principalmente à pintura, mas, a partir de hoje, traremos também (eventualmente) textos poéticos com temas cristãos. Para começar, trazemos o poema O Anjo Anunciador, do poeta brasileiro Bruno Toletino (1940-2007).
Abaixo você pode conferir o poema completa e sua declamação, feita pelo diretor, ator e professor de teatro da Unicamp Roberto Mallet.
O Anjo Anunciador
(Bruno Tolentino)
— Ouve, Maria, a nossa
(não, não te assustes!) é uma luminosa
tarefa: refecer
o pequeno clarão que abandonaram,
o lume que anda oculto pela treva!
Porque irás conceber!
Porque a mão, desejosa
e tosca, que O tentara
reter, ainda que leve,
desfez-se ao toque, assim como uma vez
tocado o sopro se desfaz a avara,
a dura contração do peito ansiado...
Mas a haste, o jasmim despetalado,
é tudo o que ainda resta
dos canteiros do céu aqui na terra,
que um seco vento cresta
e uma longa agonia dilacera.
No entanto a morte há de morrer se tu quiseres,
ó gota concebida
bendita entre as mulheres
para que houvesse vida
outra vez, e nascesse desse fundo
obscuro do mundo,
o ninho incompreensível do teu ventre.
Não, não toques ainda
nem a fímbria do manto nem o centro
do mistério que anima a tua túnica:
aguarda, ó muito séria, a ave mansa
e recebe em teu corpo de criança
a Verônica única,
a enxurrada de pétalas te abrindo.
Em tumulto reunidas,
as cores da perdida Primavera
vão retornar, virão
numa enchente de asas, aluvião,
púrpura, sempre-viva, nascitura
estranheza do amor da criatura,
constelação descendo ao rosto teu:
é Ele, é O que reúne o coração
e o grande anel da esfera,
o fogo, a língua ardendo, o incêndio vivo,
a coluna de luz, o capitel que se perdeu...
Que eu
venho anunciar apenas a um esquivo,
humílimo veludo, a frágil chama
que há de crescer em ti, que hás de ser cama
ao parto do Perfeito, e hás de ser cântaro
e fonte e ânfora e água,
hás de ser lago
em que as sombras se afogam, que naufragam
no imenso, ó jovem branca como um lenço;
hás de conter a lágrima
do Infinito, o Seu vulto
e os tumultos da luz na travessia
entre a dádiva, a perda e a renúncia:
quando de um certo dia
cheio de luz amarga
em que serás enfim a sombra esguia
que O deu à luz e que O assistiu morrer...
Atravessa, ó Maria,
os abismos do ser,
ouve este estranho anúncio
e deixa-te invadir para colher,
mais fundo que a razão
e o corpo, o sopro cálido, o prenúncio
da mais viva alegria:
entreabre-te ao clarão
da visita suave,
mas terrível, terrível, deixa a ave
do imenso sacrifício te ofender.
Ó pétala intocada,
hás de sofrer
intensa madrugada
e num lago de luz como afogada
hás de durar suspensa
entre a graça imortal e a dor imensa.
Mas canta, canta agora
como a fonte borbulha, como a agulha
atravessa o bordado,
canta como essa luz pousa ao teu lado
e te penetra e tece a nova aurora,
a nova Primavera e a tessitura
do ramo que obedece e se oferece
para o mistério e pela criatura.
Canta a alucinação,
o toque enfim possível dessa mão
que há de colher para perder e ter
o infinito que nasce do deserto
e a semente que morre se socorre
tudo o que no estertor tentava ser.
Canta a canção do lírio e do alecrim,
essa canção que és e que na treva,
na escuridão da carne, andava perto
da imensidade que te invade. E assim
como o imenso te ampara,
ó voz tão clara
que consolas e elevas,
vem, desperta,
matriz da eternidade e d'O sem-fim,
ó mãe de Deus, canta e roga por mim
Na postagem de ontem, vimos uma obra medieval grega com a cena da visita do arcanjo Gabriel a Maria para anunciar a concepção de Cristo. Hoje, continuamos na Idade Média, mas na Itália, com uma obra do artista Giotto di Bondone, que viveu de 1267 a 1337.
Já havíamos visto anteriormente outra obra de Giotto, A natividade.
A crucificação. Giotto. (1311-1320)
Título: A crucificação.
Artista: Giotto di Bondone.
Data: entre 1311 e 1320.
Dimensões:
Técnica: afresco.
Localização atual: Cappella degli Scrovegni, Pádua, Itália.
Na postagem de hoje, vamos pela primeira vez para a escola grega de pintura, com uma obra do período medieval, produzida no século XV, entre 1450 e 1500, por um artista desconhecido. A obra representa uma das cenas da natividade, quando o arcanjo Gabriel anuncia a Maria que ela dará à luz ao Salvador.
Para o gosto moderno, mais acostumado com a pintura realista dos últimos séculos (e, felizmente, não acostumada com as aberrações da pintura moderna), a arte figurativa medieval causa estranheza, por ter objetivos e técnicas bem distintas. A pintura medieval não tem a intenção de criar representações acuradas da realidade, mas sim produzir elementos simbólicos. De vez em quando, postamos na página obras medievais para vencer a estranheza que elas provocam de imediato no apreciador.
A anunciação. Artista desconhecido. (1450-1500)
Obra: A anunciação.
Artista: Desconhecido.
Data: 1450-1500.
Técnica: têmpera em madeira.
Dimensões: 31 x 26 cm.
Localização atual: Ikonen-Museum (Museu dos Ícones), Recklinghausen, Alemanha.
Na última postagem, vimos a obra Ecce Homo do espanhol Juan Martín Cabezalero. Hoje, vemos outra obra com o mesmo tema e título, agora do artista italiano Antonio Ciseri, que viveu entre 1821 e 1891.
Apesar do mesmo tema, as duas obras têm características bem distintas. Aqui, não é representado apenas o Salvador, mas toda a cena em que Pilatos apresenta Cristo à multidão. A perspectiva é de trás da cena, de modo que podemos ver as pessoas da corte e a multidão ao fundo.
Ecce Homo. Antonio Ciseri, (1871)
Título: Ecce Homo.
Artista: Antonio Ciseri.
Data: 1871.
Técnica: óleo sobre tela.
Dimensões: 292 x 380 cm
Localização atual: Galleria dell'Arte Moderna, Palazzo Pitti, Florence.
Depois de uma longa série de obras do século XVI do italiano Rafael, hoje vamos para a Espanha do século XVII, com um quadro de Juan Martín Cabezalero, representando o Senhor Jesus ao ser apresentado por Pôncio Pilatos à multidão. "Ecce homo" ("eis o homem") é a frase em latim que teria sido dita por Pilatos ao apresentar Jesus. Na pintura, Cristo aparece com a coroa de espinhos. Cabezalero viveu entre 1633 e 1673.
Voltamos com o sétimo e último dos cartões de Rafael. Na última postagem, vimos a pintura que representa a punição de Elimas e a conversão do procônsul Sérgio Paulo. Hoje, veremos O sacrifício de Lista. A obra representa a reação do povo de Lista após Paulo e Barnabé curarem um homem coxo. As pessoas ficam tão admiradas com o milagre que acreditam que os dois apóstolos eram deuses - Júpiter e Mercúrio - que desceram à Terra. Os dois precisaram impedir o povo, que já estava prestes a realizar sacrifícios em sua homenagem.
A pintura encerra o ciclo dos cartões (de 5 a 7) com cenas da vida de Paulo. Também encerra o conjunto dos sete cartões ainda existentes. O conjunto original era constituído por dez cartões, que eram reproduções das obras feitas para a decoração da Capela Sistina.